domingo, 27 de março de 2011

A raposa e a cegonha - sinos no Céu...

Já se ouvem os sinos no Céu…

Era uma vez a cegonha e uma raposa que eram comadres.

Um dia a cegonha convidou a raposa para ir a uma boda ao céu.

A raposa respondeu: -Eu gostava d’ir comadre mas não posso.

-Não faz mal, filas os dentes do meu rabo e eu levo-te.

Foram as duas. A raposa ia agarrada ao rabo da cegonha e quando lá iam no alto, dizia a cegonha para a raposa: -Oh comadre raposa, já se ouvem os sinos no céu. Como a raposa não podia responder fazia: - Hum, hum…

Tantas vezes a cegonha lhe disse: - Oh comadre raposa, já se ouvem os sinos no céu que a raposa respondeu: - Já pois… Quando abriu a boca, largou o rabo da cegonha. E vem por ai abaixo…

Quando vinha no ar dizia: -Arreda laje que te parto, arreda estacão que te espeto... E ficou estatelada numa laje…

Eu tinha uma predilecção pela cegonha por isso não me importava que a raposa saísse sempre prejudicada…

História do Pinto Borrachdo... que a minha avó dizia Pito Borrachudo...

HISTÓRIA DO PINTO BORRACHUDO...

Era uma vez um pinto que ia a caminho do seu cortinhal e achou um saco de moedas e pensou levar o saco ao rei. Assim fez. Andou, andou, até que encontrou um rio que o impedia de passar e não teve outro remédio senão beber-lhe a água toda. Continuou a andar e, de repente, surge-lhe uma raposa. Como esta o não queria deixar passar o pinto borrachudo não teve outra solução senão engolir a raposa inteirinha. Mais à frente encontrou um pinheiro que lhe barrava o caminho e não teve outro remédio do que engoliu-o também...

Lá conseguiu, por fim, o pinto, chegar ao Palácio. Pediu para falar com o rei e entregou-lhe o saco de moedas. O rei nem agradeceu e mandou fechar o pinto na capoeira e este, sentindo-se ofendido por não lhe ter sido dada nenhuma recompensa, começou a cantar:

_ Qui quiri qui qui, o meu saco de moedas quero já para aqui, qui quiri qui qui, o meu saco das moedas quero já para aqui... Como não lhe levaram o saco, lançou fora a raposa que tinha engolido e esta comeu todas as galinhas… E o pinto borrachudo consegui fugir…

Os homens do rei apanharam-no e meteram-no numa cristaleira e continuou…

_ Qui quiri qui qui, o meu saco de moedas quero já para aqui, qui quiri qui qui, o meu saco das moedas quero já para aqui... Como não lhe levaram o saco, lançou fora o pinheiro que tinha engolido e partiu tudo… E o pinto borrachudo consegui fugir novamente…

Furioso o rei ordenou aos criados que pusessem o pinto borrachudo numa fogueira.

_ Qui quiri qui qui, o meu saco de moedas quero já para aqui, qui quiri qui qui, o meu saco das moedas quero já para aqui., voltou o pinto a cantar, como ninguém lhe ligou e começando já a sentir o calor do fogo, lançou fora toda a água do rio que tinha bebido e apagou a fogueira.

O rei, muito zangado, pois a água corria por todo o palácio, deu ao pinto calçudo o saco de moedas e ordenou-lhe que se fosse embora, o que ele fez, imediatamente, saltitando de contente com o saco debaixo da asa, pensando, pelo caminho, que é bom ter sempre qualquer coisa que nos defenda das dificuldades, que podem surgir, muitas vezes, quando menos se esperam.


terça-feira, 26 de outubro de 2010

A raposa e o mocho...

Uma raposa passou por um souto e sentiu piar um mocho; disse ela para si:
«– Ceia já eu tenho.»
E, muito sorrateira, trepando pelo castanheiro em que estava piando o mocho, e filou-o.
O mocho conheceu a sorte que o esperava e viu que não podia livrar-se da raposa sem ser por ardil. Disse-lhe então:
– Ó raposa, não me comas assim como qualquer frango desses que furtas pelos galinheiros; tu também sabes apanhar aves tão fortes como eu. É preciso que todos o saibam. Agora que me vais comer, grita bem alto: «- Mocho comi!»
A raposa, levada por aquela vaidade, gritou:
– Mocho comi!
– A outro sim, que não a mim! - replicou-lhe o mocho, saindo de entre os dentes e voando pelo ar fora, livre do perigo.
http://web.educom.pt

sábado, 23 de outubro de 2010

O Cego e o moço...

Um cego andava pedindo esmola pela mão de um moço; a uma porta deram-lhe um naco de pão e um bocado de linguiça. O moço pegou no pão e deu-o ao cego para metê-lo na sacola, e ia comendo a linguiça muito à sorrelfa. O cego, desconfiado, pelo caminho começa a bradar com o moço:

– Ó grande tratante, cheira-me a linguiça! Acolá deram-me linguiça e tu só me entregaste o pão.

– Pela minha salvação, que não deram senão pão.

– Mas cheira-me a linguiça, refinado larápio!

E começou a bater com o bordão no moço pancadas de criar bicho. O moço era ladino e disse lá para si que o cego lhas havia de pagar. Quando iam por uns campos onde estavam uns sobreiros, o moço embicou o cego para um tronco, e grita-lhe:

– Salta, que é rego. O cego vai para saltar e bate com os focinhos no sobreiro. Grita ele:

– Ó rapaz do diabo! Que te racho.

Diz-lhe ele:

Pois cheira-lhe o pão a linguiça,

E não lhe cheira o sobreiro à cortiça?

Teófilo Braga, Contos Tradicionais do Povo Português, 1883

Esta também a minha avó contava e lá em casa, cada vez que se fala em "Salta..." acrescentamos sempre "que é rego..."


sábado, 13 de fevereiro de 2010

Olá, olá...

A minha avó consumava dizer várias lenga-lengas para me entreter a mim, ao meu irmão e aos meus primos... Ficaram-me algumas na cabeça, a minha mãe também sabe algumas... Vou aqui deixar algumas... É claro que as podem encontrar noutros sites na Net, pois o nosso património oral, além de ser maravilhoso, é muito conhecido e ainda bem...

ERA UMA VEZ
UM CAÇADOR,
FURUNFUNFOR
TRIUNFUFOR
MESERICUNTOR,

e foi à caça,
furunfunfaça
misericuntaça,

e caçou um coelho
furunfunfelho
triunfunfelho
misericuntelho,

e levou-o a uma velha
furunfunfelha
triunfunfelha
misericuntelha.


Lagarto pintado

Lagarto pintado
Quem te pintou?
Foi uma velha que aqui passou
No tempo da eira
Fazia poeira
Puxa lagarto
Por aquela orelha!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Era uma vez...

...uma avó que sabia histórias com animais, lenga-lengas, ditados e canções e os seus netos que adoravam ouvi-las... Eu sou uma das netas...
Sou professora de Português e acredito que a minha paixão por histórias e pela tradição oral portuguesa veio das histórias que a minha avó me contava antes de adormecer nas noites de Inverno...
Se a minha avó ainda estivesse viva, faria hoje 85 anos...
Vejam este blog como uma forma de a homenagear e também uma forma de passar a sua sabedoria...

Vitória, vitória, acabou-se a história...

Sónia Duarte.